REISADO EM SÃO PAULO.
Na parte noroeste do Estado de São Paulo, são muito comuns os grupos de Reis.
Em Votuporanga, as Folias de Reis saem da casa do festeiro no dia 25 de dezembro. Antes, já "trataram o giro", ou seja, o acerto do roteiro do grupo. Começando no Natal, os "foliões" cantam até 3 ou 4 de janeiro, para descansar dia 5. Em 6 de janeiro, dia de Reis, estão de volta à casa dos festeiros, que se acha enfeitada com arcos de bambu, assim como a própria rua ou local onde ela se encontra: é a chegada dos Reis.
Próximo da entrada da casa, o casal de festeiros (também chamados "rei" e "rainha") recebe a bandeira levada pela "Companhia de Reis", entram e, frente a um altar, "rezam todos os terço". Completadas as cantorias de tema religioso e completada a reza, vem a confraternização, a festa. à noite se faz também a "passagem das coroas" que são exclusivas do "rei" e da "rainha".
Em geral, o casal de festeiros já sabe qual será o casal que se encarregará de promover a festa nos próximos anos, porém se costuma fazer uma espécie de brincadeira, colocando as coroas na cabeça de várias pessoas, e lamentando não servir em nenhuma, até chegar ao casal previamente escolhido, e esses surgem como eleitos. É costume que o novo casal se comprometa a patrocinar a festa dos Santos Reis nos próximos sete anos, mas sem obrigatoriedade de começar logo no ano seguinte.
REISADO EM SANTA CATARINA.
Os três reis magos, nunca tiveram grandes homenagens na terra catarinense. Os ternos que se organizam e que ainda se organizam em Santa Catarina estão longe de se parecer com os de que fala a tradição da Bahia. Entretanto, tem festa dos Reis que ainda constitui um agradável motivo de diversão.
De 25 de dezembro a 6 de janeiro eram encontrados ternos não somente na ilha de Santa Catarina mas também em toda a zona litorânea onde a influência da cultura lusa se faz presente. Em Laguna, Imaruí, São Francisco, Itajaí, Santo Amaro e tantos outros municípios reverenciava-se o nascimento de Jesus com afinados ternos-de-reis. Algumas vezes, entretanto, os grupos tinham somente elementos masculinos, havendo entre os cantores os que imitavam vozes femininas. Para melhor cumprir com a missão era preciso se "esquentar" antes. Assim, entre "umas e outras", terminavam todos com espírito para lá de "alegre".
Na simplicidade das suas cantorias, acompanhadas dos tradicionais tocadores de viola, acordeon, gaita, tambor e outros instrumentos, caminhavam aos encontro de casas amigas, nas quais as ofertas mais generosas faziam a alegria dos que religiosamente cumpriam a sua missão.
REISADO EM SERGIPE.
De influência portuguesa, antigamente a brincadeira chamava-se Reiseiros, mas sempre reuniu pessoas que, no período do Natal, saiam pela cidade anunciando o nascimento de Jesus.
Além das danças e dos cantos de pedição de sala (licença para dançar), louvação à Maria, Jesus, autoridades e pessoas queridas, o Reisado possui o entremez, que corresponde à dramatização, conduzida pela Dona do Baile e outro personagem importante na brincadeira, o Mateus.
“A Dona do Baile vai anunciando o que o grupo apresenta, sempre instigada pelo Caboclo ou Mateus com suas piadas e suas brincadeiras, ora com a platéia, ora com o figural”, explica a historiadora Aglaé Fontes, em seu livro Danças e Folguedos.
O roteiro do Reisado, quase sempre, segue a mesma seqüência de músicas: abrição de porta ou pedição de sala, marcha de entrada, louvação aos donos da casa, louvação ao Menino Jesus, parte das figuras, entremeios (falas do Caboclo e da Dona do Baile), cantigas de amor, chula (só dança), entrada do Boi e retirada.
É também a Dona do Baile que batiza as integrantes do grupo. No Reisado dos Idosos Sagrado Coração de Jesus, de Laranjeiras, as “meninas” são chamadas de Cigana, Canarinho, Borboleta, Sereia, Viúva e por aí vai. As que não representam uma personagem se vestem de vermelho ou de azul. O chapéu traz flores e fitas coloridas. “O azul era homenagem à pureza de Maria e o vermelho era o sangue de Jesus por nós derramado”, esclarece Aglaé.
Alguns grupos já se vestem conforme orientação do chefe, sendo que as cores principais podem ser também verde e rosa ou azul e amarelo. “O brilho e a queda que o tipo do tecido oferece permitem que os requebros da dança fiquem mais valorizados”, explica Agalé, acrescentando que só não é usada a cor preta na indumentária, pela tristeza que sugere
REISADO NO CEARÁ.
Diz a Bíblia que, no dia 6 de janeiro, três reis magos visitam Jesus. Gaspar, Baltazar e Belchior levaram ouro, perfume e erva de presente. No caminho, visitavam moradores avisando a chegada do anunciado Messias. É esse trecho da história que os católicos relembram com o reisado. Alguns reisados são familiares, e a tradição é passada de geração para geração.
Parece noite de Réveillon na casa da família Farias. Só parece. E se é véspera do Dia de Reis, a noite é para tirar o reisado, tradição que começou há mais de 50 anos com a comerciante Eucária Farias.
A matriarca da família já morreu, mas nem por isso a família deixa de homenagear os três reis magos, que segundo a história passaram nas casas anunciando o nascimento do menino Jesus. Assim, eles visitam os vizinhos e cantam as músicas dos reis.
Os instrumentos embalam a procissão. O reisado é um festejo popular de origem portuguesa. Além de dançar é preciso caminhar de casa em casa. Haja disposição. E olha que todas as gerações da família participam. O esforço é recompensado quando alguém abre a porta de casa. O reisado só termina quando o grupo é recebido com um verdadeiro banquete.
REISADO EM ALAGOAS.
Auto popular profano-religioso, formado por grupos de músicos, cantores e dançadores que vão, de porta em porta, no período entre o Natal e o dia 06 de janeiro, anunciando a chegada do Messias, homenageando os três reis magos e fazendo louvação aos donos das casas onde dançam. Sua principal característica é a farsa do boi, que constitui um dos entremeios ou entremeses, onde ele dança, brinca, é morto e ressuscita.
A origem desse folguedo é portuguesa. Em Portugal, na idade média, era costume os grupos de janereiros e reiseiros saírem pelas ruas pedindo que lhes abrissem as portas e recebessem a nova do nascimento de Cristo. Os donos das casas recebiam os grupos e a eles ofereciam alimento e dinheiro.
Em Alagoas destacam-se os reisados do Conjunto Moacir de Andrade (Tabuleiro – Maceió); Reisado do Piau (Piranhas); Reisado do Pedro Bento (Capela); Reisado Lajeado do Couro (Água Branca); Reisado de Viçosa, do Mestre Expedito (Viçosa); Reisado de Chã Preta (Chã Preta); Reisado Três Amores, da Mestra Virgínia Moraes (Rio Novo) e Reisado do Mestre João Júlio (Junqueiro). O reisado alagoano possui como pontos diferenciais de outros reisados existentes no país uma indumentária mais rica, sua música e dança.
Fontes (links): http://www.rosanevolpatto.trd.br/lendareisado.html
http://iaracaju.infonet.com.br/
http://tvverdesmares.com.br/bomdiaceara/tradicao-de-reisado-no-ceara/
http://www.alagoasagora.com.br/cultura/
Bibliografia consultada
Folclore Catarinense - Doralécio Soares; Editora da UFSC; Florianópolis, 2002
Folclore Paulista - Américo Pellegrini Filho
Côrtes J.C. Paixão; Natal Gaúcho e os Santos Reses;
Jornal Tradição Novembro/2000 Pág. especial Tradição, folclore e cultura gaúcha na escola.
Janaina Cruz, publicado em agosto de 2005, no Portal InfoNet.
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